sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ética, Negócios e a vida da gente.

Algumas vezes (na verdade, muitas vezes) precisamos recorrer à teoria para tratar de coisas essencialmente práticas e que são ou deveriam ser diárias, corriqueiras, “normais”.
Já foi “normal” para muitos jogar o papel de bala (ou o que fosse) na calçada. Para alguns ainda é. Já foi “normal” comprar produtos sem olhar do que eles eram feitos e, na verdade, até pouco tempo essa informação nem constava nos rótulos. Já foi “normal” não saber onde e nem como ou sob quais condições eles eram produzidos, se com mão-de-obra infantil ou escrava.
Não se é mais assim. Não se joga mais papel na calçada. E alguém vê alguém jogando fica indignado porque já faz a conta: 220.000 são-carlenses x 1 papel de bala/dia = 220.000 papéis de bala/dia “emporcalhando” a Capital da Tecnologia. E agora todos lêem os rótulos de tudo, afinal, estamos consumindo, certo?
E mais: em tempos de velocidade de informação a gente sabe o que acontece nos países e nas empresas de origem dos produtos, seja pela grande imprensa, ou mesmo pelo You Tube ou Orkut. E se tiver uma mão suja de sangue no circuito fino do seu telefone, você compra? Acho que podemos antecipar a sua resposta.
Somos consumidores e se a gente muda, as empresas (inclusive as nossas) precisam mudar para nos atender, para nos entender e foi pelo fim, pela mudança no comportamento desse consumidor que optamos começar esse papo.
A ética e especificamente a ética empresarial nos parece um desses assuntos urgentes. Que está lentamente caminhando da retórica para o uso, com alguns bons exemplos se apresentando e não mais apenas sob a égide do “valor agregado”.
O Instituo Ethos define ética empresarial como o conjunto de princípios e valores adotados pela empresa. Importante não confundirmos ética com moral ou com regras de conduta no sentido único de padronizar comportamentos. Não é isso.
Filosoficamente a ética é definida como aquilo que é bom para o indivíduo e para a sociedade. E poderemos estabelecer boas correlações dentro de um ambiente empresarial no qual as empresas encontram as vertentes mercadológica e institucional sob uma única bandeira, a integrada.
A empresa socialmente responsável é aquela que, sabendo o que é preciso ser feito em busca do bom para si e para os stakeholders (acionistas, prestadores de serviço, funcionários e suas famílias, consumidores, comunidade, governo e meio–ambiente), faz.
A partir da ação a reverberação é inconteste. E a reputação positiva se firma e, assim como o valor de marca, o orgulho do funcionário em trabalhar para a empresa. Um “q” motivacional se confirma e se deflagra em reações como a de um pai, que ao ver na TV o comercial da empresa diz: “É filho, é aí que o papai trabalha”.
O trato ético permite que o valor, então agregado, brote da essência como o resultado de um ciclo virtuoso estabelecido e não como ações figurativas que coloquem em confronto o “dito” e o “feito”.
Em tempos de ISSO 26.000 o normal deve ser começar.
Texto publicado na Revista Alto Estilo São Carlos - Edição 6 - Setembro/Outubro 2008.

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