Algumas vezes (na verdade, muitas vezes) precisamos recorrer à teoria para tratar de coisas essencialmente práticas e que são ou deveriam ser diárias, corriqueiras, “normais”.
Não se é mais assim. Não se joga mais papel na calçada. E alguém vê alguém jogando fica indignado porque já faz a conta: 220.000 são-carlenses x 1 papel de bala/dia = 220.000 papéis de bala/dia “emporcalhando” a Capital da Tecnologia. E agora todos lêem os rótulos de tudo, afinal, estamos consumindo, certo?
E mais: em tempos de velocidade de informação a gente sabe o que acontece nos países e nas empresas de origem dos produtos, seja pela grande imprensa, ou mesmo pelo You Tube ou Orkut. E se tiver uma mão suja de sangue no circuito fino do seu telefone, você compra? Acho que podemos antecipar a sua resposta.
Somos consumidores e se a gente muda, as empresas (inclusive as nossas) precisam mudar para nos atender, para nos entender e foi pelo fim, pela mudança no comportamento desse consumidor que optamos começar esse papo.
A ética e especificamente a ética empresarial nos parece um desses assuntos urgentes. Que está lentamente caminhando da retórica para o uso, com alguns bons exemplos se apresentando e não mais apenas sob a égide do “valor agregado”.
O Instituo Ethos define ética empresarial como o conjunto de princípios e valores adotados pela empresa. Importante não confundirmos ética com moral ou com regras de conduta no sentido único de padronizar comportamentos. Não é isso.
Filosoficamente a ética é definida como aquilo que é bom para o indivíduo e para a sociedade. E poderemos estabelecer boas correlações dentro de um ambiente empresarial no qual as empresas encontram as vertentes mercadológica e institucional sob uma única bandeira, a integrada.
A empresa socialmente responsável é aquela que, sabendo o que é preciso ser feito em busca do bom para si e para os stakeholders (acionistas, prestadores de serviço, funcionários e suas famílias, consumidores, comunidade, governo e meio–ambiente), faz.
A partir da ação a reverberação é inconteste. E a reputação positiva se firma e, assim como o valor de marca, o orgulho do funcionário em trabalhar para a empresa. Um “q” motivacional se confirma e se deflagra em reações como a de um pai, que ao ver na TV o comercial da empresa diz: “É filho, é aí que o papai trabalha”.
O trato ético permite que o valor, então agregado, brote da essência como o resultado de um ciclo virtuoso estabelecido e não como ações figurativas que coloquem em confronto o “dito” e o “feito”.
Em tempos de ISSO 26.000 o normal deve ser começar.
Texto publicado na Revista Alto Estilo São Carlos - Edição 6 - Setembro/Outubro 2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário